sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Beirut e Capitu - Globo indie (parte 2)

Atualizando o post que escrevi sobre Beirut e Capitu, reproduzo aqui uma entrevista feita pela Folha com o Zach Condom, em que ele comenta sobre "Elephant Gun" na série, Brasil e suas aulas de português, e o novo disco, que na verdade são dois EPs.

Folha Online - A música "Elephant Gun", tema da minissérie "Capitu", fez com o que o grande público no Brasil conhecesse e se interessasse pelo som de sua banda. Muitos acessaram o vídeo da música no YouTube, outros diretamente no MySpace. Como você encara essa boa recepção do ouvinte brasileiro?

Zach Condon - Eu fico muito lisonjeado e feliz com tudo isso. Muitos amigos que já moraram no Brasil e na Argentina me disseram que minha música poderia ser popular por aí, mas nunca acreditei neles. Não sei ao certo qual o cenário musical brasileiro hoje em dia para saber se minha música pode ou não se encaixar no gosto das pessoas. E olha, faz muito tempo que quero ir ao Brasil.

Folha Online - Você pôde acompanhar a minissérie de algum modo? Conhece a obra de Machado de Assis?

Zach - Infelizmente não, mas pretendo conhecer Machado mais a fundo assim que tudo referente à turnê de lançamento do novo trabalho do Beirut se resolver. Da série, eu me lembro de alguns fãs comentando coisas boas a respeito já faz um tempo. Tirando isso, pelo site oficial e por alguns vídeos no YouTube, fiquei bem entusiasmado com o que vi. Foi uma surpresa. Uma boa surpresa.

Folha Online - Em relação a esse novo trabalho, quando deve sair? E qual será sua sonoridade?

Zach - O lançamento será em meados de fevereiro. Trata-se de um EP duplo na verdade, um pouco diferente dos trabalhos anteriores do Beirut. Cheguei até a considerar dar um novo nome à banda, mas isso prejudicaria um alcance maior de minha música, tenho consciência disso. O que não faria sentido algum.

O primeiro EP, chamado "March of the Zapotec", terá gravações que fiz com uma banda só de metais, para casamentos e funerais. Gravamos em uma pequena cidade do México, perto de Oaxaca. Fiquei lá por duas semanas e, então quando voltei ao Brooklyn, em Nova York, gravei os vocais. É um álbum marcado por uma percussão bem pesada e por metais.

Já o segundo EP, "Holland", tem uma cara mais eletrônica. Sempre trabalhei com sintetizadores, desde muito jovem, mas nunca senti necessidade de lançar nada nesse sentido. Até por algum tempo, compus muita música eletrônica como uma maneira de limpar a minha mente, depois de um projeto acústico em que me envolvi intensamente. Foi quando alguns amigos me convenceram a lançar esse material, me disseram que as pessoas deveriam ouvir, e eu aceitei o desafio. O que eu fiz foi juntar algumas composições novas com as minhas antigas preferidas.

Folha Online - Recentemente você cantava algumas músicas brasileiras em seus shows, como "Leãozinho", de Caetano Veloso. Qual o seu interesse na música brasileira e o quanto ela te influencia?

Zach - A Tropicália ainda é muito cultuada por aqui, sempre foi. E eu, claro, sou um fã. Na faculdade, eu assistia a aulas de português, simplesmente porque tinha muita vontade de cantar nessa língua. Claro que jamais fui capaz de escrever algo em português, mas me ajudou muito nas minhas canções prediletas do Caetano Veloso e do Gilberto Gil. Mas também conheço o Bonde do Rolê, por exemplo, que considero algo bem moderno.

Cheguei a dançar no palco com eles em um de seus shows, e depois mantivemos um breve contato via e-mail. Quem dera o meu português fosse tão bom quanto é o meu francês, por exemplo.

Folha Online - Seu álbum de estréia, "Gulag Orkestar" tem influência da sonoridade dos Bálcãs; já "The Flying Club Cup", seu segundo álbum, foi inspirado na música francesa. E agora você diz que os novos EPs terão influência da música mexicana e eletrônica. Isso parte de uma experimentação com novos sons, novas culturas. Como é esse processo criativo?

Zach - Eu nunca penso em nada muito específico para determinado álbum, ou em um estilo de música, ou uma cultura. Sempre tem mais a ver com uma certa obsessão que tenho por qualquer estilo de música que eu possa estar ouvindo naquele momento. Por exemplo, no primeiro álbum, eu estava imerso na cultura do leste europeu, ouvindo muita música dali, então foi natural que eu compusesse algo nesse sentido.

Folha Online - Nesse ano, tivemos alguns rumores de que o Beirut tocaria no Brasil, algo que não se concretizou.

Zach - É verdade, me lembro de alguns contatos iniciais, mas ficou nisso. Como disse antes, faz muito tempo que quero ir ao Brasil, quem sabe agora em 2009.

Folha Online - Quais são suas principais influências, sejam elas musicais ou não?

Zach - Muitas de minhas letras são inspiradas na literatura latino-americana de Jorge Luis Borges e de Gabriel García Márquez. De uns tempos para cá, tenho lido muito o chileno Roberto Bolaño. Além disso, o cinema francês sempre me influenciou demais. Isso para não mencionar Coney Island [bairro mais ao sul do Brooklyn, em Nova York] no inverno, os judeus hassídicos que vivem em meu bairro e outros aspectos da vida em Nova York.

Beirut e Indieoteca ♥ Gabo

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