Sébastien Tellier costuma dizer que cria música para excitar as pessoas. O excêntrico cantor e compositor francês, que, não por coincidência, deu o nome Sexuality ao seu último disco, lançado em 2008, se apresenta sábado no Circo Voador e faz planos ousados para a estadia na cidade.
– Gostaria de tocar numa praia do Rio com todo mundo fazendo sexo durante o show – ironiza Tellier, que interrompeu o ensaio de seu show em São Paulo, na quinta-feira, para conversar com o Jornal do Brasil. – Os shows aqui são muito importantes para mim, quero que esta turnê seja tão boa quanto possível.
Para sua passagem pelo país, que também incluiu um show sexta-feira no festival Coquetel Molotov, no Recife, o cantor, que toca ao lado de uma banda de Los Angeles, previu dias de muito calor.
– Adaptei minhas músicas para a energia das performances ao vivo. Vamos tentar elevar a temperatura dos palcos – promete Tellier.
O francês diz que suas músicas exploram o “conceito latino de sensualidade”. Questionado se acha que irá aprender mais sobre o assunto na passagem pelo Brasil, no entanto, Tellier não demonstra muito interesse.
– As brasileiras são conhecidas por serem muito sensuais, mas como estou apaixonado por uma garota, todas as outras mulheres são como homens para mim – garante.
Ele parece mais interessado na música brasileira. Conta que acabou de descobrir Tim Maia, o que foi “uma revelação:
– Gosto do calor da música brasileira em geral.
Roupas de ginástica femininas
Parte da fama libidinosa veio do single Sexual sportswear, em que revela sua fantasia com as roupas de ginástica femininas. Mas o cantor faz questão de mostrar que seu disco não trata do assunto de maneira vulgar, mas com naturalidade.
– Sexuality foi uma oportunidade de mostrar meu amor pelo prazer. A mensagem é que você tem que ser um cavalheiro, o que é o oposto da vulgaridade.
Sébastien Tellier começou a carreira com o álbum L'incroyable Verité (2001), que ganhou visibilidade após uma turnê abrindo os shows da banda francesa Air. A faixa Fantino entrou na trilha sonora do filme Encontros e desencontros (2003), de Sofia Coppola. Ele também foi responsável pelas músicas de cena de Narco, longa francês lançado em 2004.
Ele já chegou a definir sua música como “r&b intelectual”, numa tentativa de distanciar seu som mais eletrônico do r&b americano de cantores como Beyoncé e Justin Timberlake. Sexuality foi produzido por Guy-Manuel de Homem-Christo, que faz parte da também francesa Daft Punk.
– Ele trabalha de forma muito doce e tranquilizadora. Não precisávamos nem conversar, nós nos entendemos perfeitamente – conta o cantor, que esmiuça seu peculiar processo de composição: – Eu acordo, vou para o meu piano e toco de olhos fechados até escutar uma boa harmonia.
Suecos 'invadem' com o apoio da França
A passagem de Sébastien Tellier por Recife será acompanhada de outros sotaques. A Invasão Sueca, projeto que todos os anos traz novos nomes do país ao Brasil, vai dividir o palco do Coquetel Molotov com o francês – que tem como companheiros de turnê os conterrâneos Zombie Zombie e François Virot, todos trazidos com o apoio do Ano da França no Brasil.
Those Dancing Days, Britta Persson e Loney, Dear são os nomes selecionados para representar a Suécia, país que conhecido como celeiro de bandas pop e indie de qualidade.
– Parece que os suecos têm muita criatividade, e se sentem confiantes com essa característica – diz Emil Svanängen, mais conhecido pelo nome Loney, Dear, sob o qual se apresenta. – É financeiramente possível, você não tem que se preocupar tanto.
Svanängen se refere ao apoio dado pelo governo sueco às bandas, que acontece “num nível mais alto” que nos outros países.
Com apoio do Swedish Institute, a Invasão Sueca já está no quarto ano de atividade. Nesta edição, abrange várias vertentes do pop: o grupo de cinco meninas Those Dancing Days faz música doce e dançante; a cantora Britta Persson é mais calma e romântica; e o multiinstrumentista Loney, Dear explora mais os recursos eletrônicos.
Além de divulgar a música sueca por aqui, os shows também servem para ampliar o repertório brasileiro das bandas convidadas.
– Ainda não ouvi muita coisa. É claro que conheço o CSS, por causa do remix que fizeram da minha música (The city, the airport, do disco Sologne). E também o ministro-cantor – conta, referindo-se ao agora ex-dono da pasta da Cultura Gilberto Gil.
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