O mau humor começa quando, após dois metrôs e um trem, chego atrasada, e da fila já consigo ouvir "Fireworks", do Animal Collective (processo, claro, que demorou um tempo, já que parecia que tinha uma escola de samba tocando lá dentro). Como disse aqui, a banda era a que eu mais queria ver, talvez a única.
Correr igual uma idiota não adiantou, cheguei na parte dos shows, em frente ao Main Stage, na hora em que a Sabrina começava a anunciar o The Jesus and Mary Chain. Nunca odiei tanto a banda como nessa hora. Enquanto todos corriam para perto do palco, eu saía de lá, em vão. Mas quando o JAMC começou a tocar "Head On", a segunda música, o mau humor foi embora e fui ser feliz no meio do povo. Uma mensagem de celular (de BH) me adiantou o que confirmei a seguir: o show do Animal Collective não foi bom. Nessa hora, qualquer direção que eu olhasse tinha alguém de Belo Horizonte. Até a metade, o show dos escoceses era só motivo de felicidade, mas concluí que o que estava vendo era uma foto, e dela saía músicas ao vivo. Músicas muito bem executadas, por sinal; impecáveis. Mas no quesito emoção, a banda ficou devendo muito.
Do Foals peguei apenas as duas últimas músicas, bem de longe. Não sabia que o show estava no fim, e acabou enquanto eu ainda estava na fila do caixa (quem disse que não tinham filas?) e tinha esperança de conferir o show de perto. Não que a banda seja imperdível, mas o show parecia ser ótimo, cheio de energia, bem o contrário do que rolava no Main Stage.
Hora do Offspring é hora de ir ao banheiro. Seria até legal ouvir alguns hits antigos, mas sinceramente não estava nem lembrando deles. A estrutura dos banheiros era ótima, não tinha fila, as folhas de eucalipto davam um cheiro agradável - e sobre essas folhas, é bom falar que isso não é nenhuma novidade. Se não me engano tinha no Claro q é Rock, o melhor festival que já existiu no Brasil, que além de super organizado teve um line-up de chorar.
Fui praticamente arrastada para a frente do palco do Indie Stage antes do Spoon, e agradeço por isso. Percebi que só consigo me entregar a um show quando estou lá na frente, perto da banda, podendo ver os integrantes. O show foi ótimo, para mim o melhor do festival. A banda tinha muitos fãs (incluindo Mallu Magalhães), o que deve ter sido um pouco surpreendente, ainda mais porque um dia antes eles tinham sido confundidos com o Kaiser Chiefs na porta do Milo Garage (adoro sujeito indeterminado). Lição para o próximo festival: observar fotos das bandas.
As músicas que conhecia foram ótimas ("I Turn My Camera On" e "Don't make me a target"), e as que não conhecia também, não eram aquelas que você se sente sobrando porque não sabe cantar como o resto das pessoas à sua volta, eram ótimas e empolgantes. No final, o vocalista Britt Daniels ficou arrastando a calça branca de gosto duvidoso no chão, e a banda saiu deixando no palco uma barulheira. Não posso deixar de falar do baterista, que faz coisas simples e muito legais. Acho que se o volume do teclado tivesse um pouco mais baixo, o som melhoraria, mas continua sendo o melhor show e o único do Indie Stage com o som perdoável, de onde eu vi.
Foi difícil sair do Indie Stage com as pessoas empurrando, loucas para ver o Breeders. Descobri as esteiras e a grama, e minhas pernas agradeceram. Quando cheguei no Bloc Party, Kele Okereke estava lembrando da nada agradável experiência anterior com o Brasil (o episódio playback no VMB), e prometendo compensar. Sabia que tinha perdido "Banquet", mas "Like eating glass" foi suficiente para animar e me lembrar dos velhos e bons tempos de Bloc Party. Ouvindo (e vendo) o resto do show, percebi que todas as músicas que não são do primeiro CD são horríveis. Nunca tinha prestado atenção nos dois últimos discos, mas parece que a banda não funciona assim. Se o show seria melhor se eles estivessem no Indie Stage eu não sei, mas que a banda está desandando, está.
Dessa vez correr igual retardada serviu para pegar metade de "Cannonball", a música mais óbvia do Breeders e a que eu mais queria ouvir. Lição nº 2: baixar mixtapes das bandas antes dos shows. Depois da alegria, parecia que não tinha lugar para mim naquele galpão lotado. Tinha me contentado em ficar no canto, vendo de longe, mas o som estava tão horrível e embolado que o mau humor falou mais alto e eu saí de lá sem rumo. Arrependo de não ter sido um pouco mais animada e persistente, pois pelos depoimentos, o Breeders parece ter sido um show ótimo, um dos melhores do festival.
O Kaiser Chiefs foi a trilha sonora para o meu tédio, enquanto esperava amigos para ir embora. Uma trilha sonora ruim, vale dizer. O que é "I predict a riot"? Parece duas músicas coladas em uma só, o refrão não se encaixa com os versos, fiquei achando que eles estavam fazendo um mash-up. É uma pena as músicas serem ruins, porque o show é muito bom. Fiquei com vontade de estar lá na frente, puxando a cueca vermelha (!) de Ricky Wilson com as outras pessoas. Acho que se eu estivesse lá, ia relevar as músicas e aproveitar o show. Para quem gosta, deve ter sido o show da vida.
Fomos para a saída desesperados, porque costumam ter poucos táxis, e a surpresa: não tinha nenhum! Parece que os taxistas nem estavam sabendo do evento. É algo para a produção observar, afinal, as pessoas precisam voltar para casa (ou hotel). Poderiam ter providenciado umas vans (sei que aconteceu algo do tipo, mas não foi muito divulgado), mesmo com um preço um pouco caro.
Talvez porque eu não tenha afeição especial por nenhuma banda, talvez porque eu estava mal-humorada, a questão é que achei o Planeta Terra bem mais ou menos. Morno. Se as bandas não eram mais ou menos, os shows eram. Claro que a organização está de parabéns, o local é ótimo, os ingressos eram baratos e davam acesso a todos os palcos, a divulgação muito interessante (não só pelos blogs e twitter, mas vídeos bacanas também). Eles souberam criam um hype da coisa toda. Mas o line-up não foi consistente. Sabendo que tem muita gente satisfeita (e feliz) com a escalação, considero o saldo positivo.
É bom ressaltar que o festival soube a dosagem certa de bandas do momento, bandas clássicas, bandas indie e bandas mainstream; sem apostar tudo no hype ou na nostalgia. Apostas para o próximo Planeta Terra? Eu sugiro Broken Social Scene. Acho que podemos esperar muita coisa para 2009.
Créditos: todas as fotos por Letícia Souki, exceto a do Kaiser Chiefs, retirada do Terra.
Obs.: O texto foi escrito em primeira pessoa e totalmente subjetivo porque acho que ajuda a entender a minha visão e opinião dos shows. Para outras coberturas mais objetivas, e/ou com shows que não assisti, ou apenas para mais coberturas, veja os outros blogs embaixadores do festival:
Correr igual uma idiota não adiantou, cheguei na parte dos shows, em frente ao Main Stage, na hora em que a Sabrina começava a anunciar o The Jesus and Mary Chain. Nunca odiei tanto a banda como nessa hora. Enquanto todos corriam para perto do palco, eu saía de lá, em vão. Mas quando o JAMC começou a tocar "Head On", a segunda música, o mau humor foi embora e fui ser feliz no meio do povo. Uma mensagem de celular (de BH) me adiantou o que confirmei a seguir: o show do Animal Collective não foi bom. Nessa hora, qualquer direção que eu olhasse tinha alguém de Belo Horizonte. Até a metade, o show dos escoceses era só motivo de felicidade, mas concluí que o que estava vendo era uma foto, e dela saía músicas ao vivo. Músicas muito bem executadas, por sinal; impecáveis. Mas no quesito emoção, a banda ficou devendo muito.
Do Foals peguei apenas as duas últimas músicas, bem de longe. Não sabia que o show estava no fim, e acabou enquanto eu ainda estava na fila do caixa (quem disse que não tinham filas?) e tinha esperança de conferir o show de perto. Não que a banda seja imperdível, mas o show parecia ser ótimo, cheio de energia, bem o contrário do que rolava no Main Stage.
Hora do Offspring é hora de ir ao banheiro. Seria até legal ouvir alguns hits antigos, mas sinceramente não estava nem lembrando deles. A estrutura dos banheiros era ótima, não tinha fila, as folhas de eucalipto davam um cheiro agradável - e sobre essas folhas, é bom falar que isso não é nenhuma novidade. Se não me engano tinha no Claro q é Rock, o melhor festival que já existiu no Brasil, que além de super organizado teve um line-up de chorar.
Fui praticamente arrastada para a frente do palco do Indie Stage antes do Spoon, e agradeço por isso. Percebi que só consigo me entregar a um show quando estou lá na frente, perto da banda, podendo ver os integrantes. O show foi ótimo, para mim o melhor do festival. A banda tinha muitos fãs (incluindo Mallu Magalhães), o que deve ter sido um pouco surpreendente, ainda mais porque um dia antes eles tinham sido confundidos com o Kaiser Chiefs na porta do Milo Garage (adoro sujeito indeterminado). Lição para o próximo festival: observar fotos das bandas.
As músicas que conhecia foram ótimas ("I Turn My Camera On" e "Don't make me a target"), e as que não conhecia também, não eram aquelas que você se sente sobrando porque não sabe cantar como o resto das pessoas à sua volta, eram ótimas e empolgantes. No final, o vocalista Britt Daniels ficou arrastando a calça branca de gosto duvidoso no chão, e a banda saiu deixando no palco uma barulheira. Não posso deixar de falar do baterista, que faz coisas simples e muito legais. Acho que se o volume do teclado tivesse um pouco mais baixo, o som melhoraria, mas continua sendo o melhor show e o único do Indie Stage com o som perdoável, de onde eu vi.
Foi difícil sair do Indie Stage com as pessoas empurrando, loucas para ver o Breeders. Descobri as esteiras e a grama, e minhas pernas agradeceram. Quando cheguei no Bloc Party, Kele Okereke estava lembrando da nada agradável experiência anterior com o Brasil (o episódio playback no VMB), e prometendo compensar. Sabia que tinha perdido "Banquet", mas "Like eating glass" foi suficiente para animar e me lembrar dos velhos e bons tempos de Bloc Party. Ouvindo (e vendo) o resto do show, percebi que todas as músicas que não são do primeiro CD são horríveis. Nunca tinha prestado atenção nos dois últimos discos, mas parece que a banda não funciona assim. Se o show seria melhor se eles estivessem no Indie Stage eu não sei, mas que a banda está desandando, está.
Dessa vez correr igual retardada serviu para pegar metade de "Cannonball", a música mais óbvia do Breeders e a que eu mais queria ouvir. Lição nº 2: baixar mixtapes das bandas antes dos shows. Depois da alegria, parecia que não tinha lugar para mim naquele galpão lotado. Tinha me contentado em ficar no canto, vendo de longe, mas o som estava tão horrível e embolado que o mau humor falou mais alto e eu saí de lá sem rumo. Arrependo de não ter sido um pouco mais animada e persistente, pois pelos depoimentos, o Breeders parece ter sido um show ótimo, um dos melhores do festival.
O Kaiser Chiefs foi a trilha sonora para o meu tédio, enquanto esperava amigos para ir embora. Uma trilha sonora ruim, vale dizer. O que é "I predict a riot"? Parece duas músicas coladas em uma só, o refrão não se encaixa com os versos, fiquei achando que eles estavam fazendo um mash-up. É uma pena as músicas serem ruins, porque o show é muito bom. Fiquei com vontade de estar lá na frente, puxando a cueca vermelha (!) de Ricky Wilson com as outras pessoas. Acho que se eu estivesse lá, ia relevar as músicas e aproveitar o show. Para quem gosta, deve ter sido o show da vida.
Fomos para a saída desesperados, porque costumam ter poucos táxis, e a surpresa: não tinha nenhum! Parece que os taxistas nem estavam sabendo do evento. É algo para a produção observar, afinal, as pessoas precisam voltar para casa (ou hotel). Poderiam ter providenciado umas vans (sei que aconteceu algo do tipo, mas não foi muito divulgado), mesmo com um preço um pouco caro.
Talvez porque eu não tenha afeição especial por nenhuma banda, talvez porque eu estava mal-humorada, a questão é que achei o Planeta Terra bem mais ou menos. Morno. Se as bandas não eram mais ou menos, os shows eram. Claro que a organização está de parabéns, o local é ótimo, os ingressos eram baratos e davam acesso a todos os palcos, a divulgação muito interessante (não só pelos blogs e twitter, mas vídeos bacanas também). Eles souberam criam um hype da coisa toda. Mas o line-up não foi consistente. Sabendo que tem muita gente satisfeita (e feliz) com a escalação, considero o saldo positivo.
É bom ressaltar que o festival soube a dosagem certa de bandas do momento, bandas clássicas, bandas indie e bandas mainstream; sem apostar tudo no hype ou na nostalgia. Apostas para o próximo Planeta Terra? Eu sugiro Broken Social Scene. Acho que podemos esperar muita coisa para 2009.
Créditos: todas as fotos por Letícia Souki, exceto a do Kaiser Chiefs, retirada do Terra.
Obs.: O texto foi escrito em primeira pessoa e totalmente subjetivo porque acho que ajuda a entender a minha visão e opinião dos shows. Para outras coberturas mais objetivas, e/ou com shows que não assisti, ou apenas para mais coberturas, veja os outros blogs embaixadores do festival:
4 comentários:
posso atestar a veracidade desse post, eu vi sua cara de braba qdo chegou no jesus and mary chain!
uHAuuHAuhAU nossa o show do AC foi demais! perdeu perdeu! ^^ briks... verdade eu vi muita gente de Belo Horizonte lá... basicamente como vc dizze, o saldo do evento foi positivo, tirando esses imprevistos que eu não tive que passar!
ôooo mau humorzinho!!!
gosto mais do texto malvadão!
bjomeliga!
Gostei da sua "cobertura" do Festival Planeta Terra. Estive lá e não vi tanta gente de BH porque não fico reparando mesmo. Fui com um amigo e me perdi dele, ou seja, fiquei sozinho. Outra coisa, não fiquei mal humorado porque fui de taxi. Cheguei na hora que a Mallu M tava se apresentando. Preferi continuar tomando cerveja.
Beleza! Gosto do seus comentários. Continue assim.
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