quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O fenômeno das 2 músicas ou não acredite no hype

Já tinha comentado brevemente sobre isso na resenha do MGMT, e hoje li um texto muito interessante no Wannabe a blog que também fala desse fenômeno que acontece com as bandas (hype) ultimamente, de lançarem um álbum com apenas duas músicas boas, e as outras serem terríveis. No texto, o Bernardo fala que com o advento do MP3, as pessoas passaram a baixar música por música ao invés do CD inteiro, e as bandas começaram a fazer apenas um ou outro hit (foi mal, não vou usar a palavra "petardo"). Não é a toa que o AC/DC declarou recentemente que não quer que as pessoas baixem o novo disco, porque ele precisa ser ouvido inteiro, como uma unidade, e não em faixas separadas, mas isso não vem ao caso.
É só ouvir o disco do Klaxons para entender

Mas acredito que essa não seja a única razão. Talvez a máquina do hype trabalhe mais rápido que a produção musical, e até se fazer um disco com 11 músicas decentes, a banda já se tornou obsoleta e outra já tomou seu lugar. Daí ter que se concentrar em 1 ou 2 hits e completar o CD com canções mal feitas, para ser lançado enquanto ainda existe o desejo de consumo. O que não entendo é que depois do MP3 a lógica da indústria musical foi modificada, mas os processos ainda ocorrem da maneira antiga. Por que a obrigatoriedade de se lançar CDs cheios (ou CDs por si só)? Por que não lançar apenas singles, física ou virtualmente, e tentar capitalizar com eles ou de outras maneiras mais criativas? Ou, se há mesmo a necessidade do disco físico, poderia se lançar apenas EPs, contendo de 3 a 5 músicas, com direito a uma ou duas ruins. Qualitativamente e finaceiramente, lançar vários EPs seria melhor do que criar músicas apenas para encher CD (e bandas novas ainda são novas, entende?).
A música, como quase tudo, desenvolve-se e toma consistência com o tempo. Antigamente era comum começarmos a ouvir uma banda e depois resgatar os primeiros álbuns, que costumavam ser piores e/ou menos trabalhados e mais confusos que os posteriores. Não estou demonizando o hype e idolatrando o indie velho, escuto e gosto de ambos, só quero expor uma diferença percebida entre o modus operanti (há) dos dois.
The Gossip: "Standing in the way of control". Só.

Isto me lembra uma conversa que tive sobre a quantidade enorme de bandas "legais" (ouçaagorasenãovoceéumbabacadesatualizado) que surgem, principalmente na Inglaterra, e a culpa da NME nisso tudo. A NME é um semanário musical, e tem que rechear páginas com novidades e conteúdo musical semanalmente (dã)! É um tempo muito curto para produzir conteúdo de qualidade que traga coisas novas e não seja batido pela internet. Para manter isso, resta a eles "criarem o hype", procurarem o máximo de bandas novas possíveis, detectarem promessas, tudo que possa garantir conteúdo semanal para a revista. E, infelizmente, não existe tanta banda boa assim no mundo. É uma teoria de brincadeira, mas faz sentido.
MGMT: pelo menos as ruins são melhores que as dos outros

3 comentários:

Anônimo disse...

Lendo esse post eu pensei em outro elemento fundamental pras bandas ouçaagorasenãovcnãoéninguémnanoite: as fotos incríveis. Pq as fotos tb são essenciais pra NME conseguir ter uma edição cheia de bandas novas legais toda semana, mesmo sendo impossível existir tantas bandas novas legais assim. Tipo, se vc conseguiu gravar duas músicas legais, vc pensa no resto do disco ou nas fotos de divulgação? Nas fotos, lógico! Taí os Dead Lovers pra não me deixarem mentir.

Eduardo Palandi disse...

síndrome do Blur: três boas por disco e o resto completado por bobagens...

Anônimo disse...

É a velha máxima que rege o universo: quantidade sempre foi e sempre será inversamente proporcional a qualidade.